EN2 – A MÍSTICA ESTRADA PORTUGUESA

Postado por: Arestides Porangaba | 03/03/2021

EN2 – A MÍSTICA ESTRADA PORTUGUESA

EU FIZ!

Planejamento feito, planejamento cumprindo!

Em 31 de agosto de 2019 eu e o grupo formado pelos amigos Ângela Cheloni, James Alarcão, Paulo Pinto, Sergio Gaúcho e José Maria saímos de Maceió com destino ao aeroporto internacional de Recife. Procedimentos burocráticos e exigências internacionais cumpridas – vale lembrar que todos levamos nossas bikes ... Recife até Porto, ok!

Nos aguardava no aeroporto internacional Manoel Amado, da Agência Celanus, com toda a infraestrutura necessária para nos transportar até a cidade de Chaves, norte de Portugal, ponto de partida da nossa aventura ciclística. Em Chaves fomos muito bem recepcionados e acomodados na Albergaria Borges, unidade hoteleira familiar e bem-conceituada na região.

Após as arrumações de praxe nós nos reunimos no restaurante da própria Albergaria para trocar ideias sobre nossa viagem, dias que se seguirão e degustar um excelente vinho português. Depois do jantar todos nós fomos para nosso merecido descanso após uma longa viagem aérea e terrestre.

Reservado para conhecermos a cidade de Chaves, o dia seguinte nos trouxe uma péssima surpresa: José Maria, um dos nossos amigos, amanheceu “muito mal” e foi necessário permanecer várias horas no Pronto Socorro da cidade. Tal situação, bem como a estada na unidade de saúde, contou com total e importante apoio de nossa amiga ciclista e companheira de aventura Ângela Cheloni. Recuperado da crise de hipertensão e labirinto nosso amigo retornou aos seus aposentos na hospedaria para o devido repouso.

Mais tranquilo com a recuperação do Zé e concluída a montagem de minha bike, juntei-me aos outros amigos e fomos pedalar um pouco pela cidade. Marco inicial da nossa aventura, Chaves, conhecida como a cidade de alma romana, desde os tempos da invasão romana na Península Ibérica, é uma cidade de pequeno porte que nos passou a sensação de boa qualidade de vida, segurança, tranquilidade, bonitos visuais históricos e uma ótima gastronomia, além de pessoas bastante simpáticas. 

Sempre na tentativa de objetivar minhas narrativas vou procurar resumir nossas travessuras portuguesas, ressaltando o que me parecer que valha a pena.

Bem, nossa aventura propriamente dita começou no dia 03 de setembro, conforme planejada pela Celanus.

A Estrada EN 2

Considerada patrimônio nacional a EN 2 é a maior estrada em extensão de Portugal e da Europa e a terceira maior do mundo, depois da “Route 66” nos EUA e da “Route 40” na Argentina.

A Estrada tem seu início em Chaves (Km0) e seu termino em Faro (km 739,26), passa por onze distritos (Vila Real, Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Évora, Setúbal, Beja e Faro), oito províncias (Trás-os-Montes, alto Douro, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve), quatro serras, onze rios, vales e planícies imensas e trinta e dois conselhos.

Pedalar pela EN2 possibilitou vislumbrar um desfile maravilhoso e de uma linda diversidade de paisagens, locais rurais, urbanos com seus monumentos históricos lindíssimos, serras e rios deslumbrantes, regiões vinícolas montanhosas que me deixou feliz, tranquilo e relaxado.

Não posso deixar de compartilhar a experiência por mim vivenciada no último dia de pedal. Tido como um dos mais difíceis dias da aventura, considerando a altimetria e a distância a ser pedalada (96 km). As cinco horas da manhã fui bater no apartamento do Sergio Gaúcho e Paulo Pinto e disse da minha enorme vontade de participar deste último dia e, ao mesmo tempo, do receio em não poder cumprir com a “tarefa” e, como consequência, dar trabalho aos amigos. A resposta que recebi dos meus amigos foi: você não está sozinho “seu Arestides”. Ao chegar no marco final recebi um enorme elogio: não acreditava que o senhor conseguisse!!! Obrigado amigos.

A exemplo do Caminho de Santiago de Compostela toda a estrada é sinalizada podendo se observar os marcos brancos indicando o nome da estrada e o quilometro onde nós nos encontramos. Torna-se difícil se perder na estrada.

De Chaves até Faro atravessamos as cidades de Vila Real, Castro Aire, Santa Comba Dão, Pedrogão Pequeno, Vila Rei, Ponte de Sor, Monte Mor o Novo, Torrão, Castro Verde e Faro.

O grupo cumpriu os planos e os prazos planejados com “muita tristeza” pois todos os locais pedalados e percorridos mereciam que permanecêssemos mais tempo.          

Foi possível observar o crescente interesse turístico pela EN 2, já há algum tempo, visto que em 2016 foi criada a Associação de Municípios da EM 2, objetivando incrementar políticas com o objetivo de transformar a região em uma grande vertente turística, atraindo turistas para todas as cidades da região abrangente.

Ao concluir nossa aventura e ao recordá-la é impossível não lembrar das curvas, das contracurvas, das rotundas, cruzamentos, as muitas descidas, terminando em estreitas pontes, as inesquecíveis subidas, as infindáveis retas que atravessam Portugal até às praias do Atlântico. 

Ficamos e Comemos

Ao longo da estrada percorrida durante os dez dias, foi observado a variedade e quantidade de excelentes alojamentos disponíveis para os turistas – hostels, pousadas, albergues e hotéis de todas as estrelas. Apenas com o intuito de orientar os futuros pretensos cicloviajantes, citaremos as acomodações utilizadas em nossa aventura, por cidades pernoitadas. Vila Real (Hotel Mira Corgo], Castro Aire (Hotel Astúrias), Santa Comba Dão (Casas Vale Martinho), Pedrogão Pequeno (Hotel da Montanha), Vila Rei (Hotel Vila de Rei), Ponte de Sor (Hotel Ponte de Sor), Monte Mor o Novo (Hotel de Almeira), Torrão (Rout 2 Torrão), Castro Verde (Hotel Esteva) e Faro (Hotel Afonso III). Nenhuma queixa das acomodações relacionadas.

De maneira semelhante, a gastronomia portuguesa merece todos os elogios, em função de sua enorme variedade e excelentes opções de sabores e de preços cobrados, incluídos os excelentes vinhos.

Não poderia deixar de compartilhar as experiências vivenciadas quando permaneci em Lisboa e, mais na companhia de James e Ângela, percorremos alguns quilômetros pela bela cidade. Lisboa tem muito para se apreciar, mas por sugestões de irmãos portugueses demos uma prioridade aos bairros de Alfama e Chiado. Passear pelas ruas estreitas de Lisboa, colado aos azulejos das casas em estilo tradicional é muito agradável.

Alfama é visto como o bairro mais antigo da cidade, suas ruas estreitas são famosas pelos seus casarios e também pelos seus restaurantes, apresentações de fado, vida noturna muito intensa. Também famoso é o Bonde Elétrico 28 que ainda percorre as superestreitas ruas do bairro, com suas características originais, tornando-se uma atração turística à parte.

Por sua vez, Chiado é um bairro muito elegante. Destacam-se as ruas do Carmo e suas ruinas, as roupas estendidas nos varais. Local muito apropriado para se escutar fados.

Não posso esquecer de mencionar os famosos “Pastéis de Belém”. Sensacionais.

Em tempo: este texto eu escrevi pouco tempo depois de retornarmos, mas por “esquecimento total” deixei de publicar no Blog. Após uma consulta de um amigo ciclista sobre o que achei da viagem eu fui buscar o texto no Blog e não o encontrei, etc., etc., etc..

Autor do post

Arestides Porangaba

http://www.bikeandoalhures.com.br

78 anos, Consultor Empresarial em atividade, apaixonado pela Magrela e Criador do Blog Bikeando Alhures.